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Origens e fundamentos do materialismo histórico dialético – Revolução industrial, classe trabalhadora, são os fundamentos do materialismo)[1]

Cláudia Helena dos Santos Araújo[2]

A teoria histórico-cultural tem seu surgimento marcado pelo marxismo. O que torna relevante uma retomada histórica e filosófica.
A teoria marxista, observada em seus aspectos fundamentais, tais como a concepção materialista dialética da realidade, apresenta a visão de kark Marx (1818-1883), que teve sua obra determinada por fatos políticos, econômicos e históricos do contexto em que vivia. Esse momento, fortemente marcado pelo impulso desenvolvimento do capitalismo, é caracterizado por intensas mudanças na classe dos trabalhadores, que lutavam por transformações de cunho socialista. Essas reivindicações não eram favoráveis à burguesia, que sugeria transformações menos radicais. A partir desse contexto, a obra marxista se desenvolve, analisando o momento histórico, econômico, político e filosófico.
            A concepção marxista de homem remete a um ser que atua consciententemente sobre a natureza. É um homem que procura construir a si mesmo e satisfazer suas necessidades a partir da construção objetiva que realiza do mundo. Os homens se relacionam com a natureza, de onde se extrai os meios de produção e os objetos de trabalho, e se relacionam entre si, mediante as relações sociais de produção. Essa relação com a natureza se faz a partir do momento em que o homem extrai da mesma, os seus meios de produção e seu objeto de trabalho. Nessa conjuntura, o homem estabelece relações sociais com outros homens, criando a organização do trabalho. É o que chamamos de infra-estrutura. Conforme Rosa e Andriani afirmam

juntamente com esta infra-estrutura desenvolve-se um conjunto de idéias que a expressam e servem para a reprodução do sistema. Este conjunto de idéias corresponde à superestrutura da sociedade, isto é, sua instância política e ideológica” (2002, p.262).

            Desta maneira, entende-se que a infra-estrutura determina a superestrutura, ou seja, os homens são movidos pelas relações sociais, políticas e produtivas que estabelecem. Percebe-se o homem como produtor de bens materiais, de relações sociais, de conhecimento e de si mesmo.
É interessante afirmar que nessa perspectiva dialética, tem-se como base da sociedade, as condições materiais reais que preexistem. Conforme a concepção materialista dialética da realidade “os fenômenos são constituídos e transformados a partir de múltiplas determinações que lhe são constitutivas...Concebe-se a realidade como matéria, havendo primazia do Ser sobre o Pensar” (Kahhale, 2002, p. 264).
            Chegando ao ponto necessário de nossa visão da teoria histórico-cultural e da teoria da atividade, é pertinente compreender em que consiste o processo de produção do conhecimento. Conforme a concepção analisada, este deve partir do real, gerando um movimento de transformação dialética que tem como prioridade a transformação e emerge a partir do princípio da contradição. Desta maneira, a produção do conhecimento ocorre a partir do real. Assim, tem-se a dialética como método de produção do conhecimento. Para compreender melhor esta situação, observa-se o esquema construído:




            A psicologia sócio-histórica surge no início do século XX, na União Soviética. É uma vertente teórica da psicologia fundamentada na concepção materialista dialética, tendo como base de suas proposições o conhecimento do homem e sua subjetividade. Dentro dessa produção, destaca-se: Vygotsky (1896-1934), Luria (1902-1977), Leontiev (1903-1979), Davydov (1974).


[1] Material (rascunho) de apoio à aula na disciplina que engloba políticas educacionais e gestão escolar. Material não autorizado para divulgação, apenas para uso em aula.
[2] Professora e Pesquisadora no IFG Anápolis/GO.



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Notas sobre o livro “A Educação como Política Pública” de Janete Azevedo".

Cláudia Helena dos Santos Araújo

É interessante observar conceitos como democratização substantiva do Estado  e da sociedade.

O que isso significa?

Ou seja, para compreender o que de fato isso significa é necessário compreender a crise instaurada no início dos anos 70 no cenário internacional e a repercussão que se instalou no Brasil no que se refere aos serviços públicos. O momento de crise que substanciava essa década teve como consequências ameaças aos estados de bem-estar social onde predominava democracias mais avançadas bem como o não o êxito do socialismo real: O que seria o socialismo real?

Esse cenário marcou as precárias condições do que hoje podemos considerar o nosso estado de mal estar social.

O objetivo da obra de Janete Azevedo em “A educação como política pública” é justamente apresentar as preocupações na investigação das políticas públicas que extrapolam o campo da Sociologia  e da Ciência  Política em razão do caráter interdisciplinar que está implícito no campo das políticas públicas educacionais (P.2).

A autora apresenta ainda o caminho metodológico utilizado para a compreensão da educação enquanto política pública. Afirma a " tentativa de se contribuir para o debate de possíveis caminhos teórico-metodológicos na investigação da educação como uma política social de natureza pública " (p. 3). Evidencia que o caminho se constitui a partir da historicidade das políticas. Trata-se de um resgate histórico-teórico de abordagens próprias aos estudos das políticas públicas como A concepção neoliberal, pluralista, social-democrata e marxista.

Aqui, gostaria de dialogar a respeito da compreensão que temos de relevantes concepções: como você conceitua e compreende essas concepções na sociedade atual?

Dessa forma, a autora coloca discussões em distintas abordagens que norteiam os estudos das políticas públicas para alcançar o objetivo da sua obra, ou seja, situar o tratamento que é reservado à educação em uma dimensão pública de natureza  social.

Janete Azevedo inicia a obra dizendo que abordar a educação como uma política social requer que pensemos qual espaço teórico-analítico ocupam as políticas públicas e como ocorre de fato a intervenção estatal na educação (lembrando que hoje o Estado deseja ‘gestão compartilhada’, ‘privatização’). Para tanto, apresenta as particularidades da política educacional.

No que se refere ao conceito de "políticas públicas", a autora reforça que implica em considerar "os recursos de poder que operam na sua definição e que têm  nas instituições do estado, sobretudo na máquina governamental, o seu principal referente " (P.5).

Uma primeira análise realizada pela mesma é que as políticas públicas são definidas em razão da memória da sociedade ou do estado. Ou seja, o lugar que isso implica nas representações sociais que cada sociedade desenvolve (daí denotam a importância de estudar políticas educacionais, gestão, questões de diversidade, entre outros).

Trazendo essa questão para atualidade podemos situar que o débâcle da atual educação reside em políticas vazias, artificiais, ‘um fosso sem fim’, transitoriedade para a calamidade de uma ‘ditadura velada’ como é explícito no desejo de implantar a "escola sem partido"[1], dentre outras políticas que não envolvem discussões mais aprofundadas, democráticas e sociais è Prevalência da desigualdade/Política do pão e circo... Em linhas grosseiras: “eu te dou a gasolina e você me dá seu voto e de sua família” (notas minhas).

Aqui, realizo uma pausa para compreendermos como a crise econômica do final dos anos 60 conseguiu desnudar a educação na contemporaneidade. O que significa a "escola sem partido"? Qual a concepção de sociedade e educação que está fundamentando toda essa política de orientação neoliberal?

Uma outra análise que se pode realizar na leitura de Janete Azevedo é que paradigmas clássicos como liberais, marxistas e funcionais nos permitem o espaço mais democrático de compreensão da sociedade. Daí a necessidade de estudar e refletir sobre as correntes teóricas clássicas, mesmo que não concorde.

Compreender é necessário para dialetizar!










[1] Escrita em letras minúsculas por opção ideológica e contrária à uma escola de pensamento único.

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