Algo
me dizia (no íntimo) que identificaria com suas palavras. Afinal elas estão
repletas de atos, de sentimentos, de um mundo, de desejos...
Preferi,
antes de tudo, ver seus poemas no youtube
e sua entrevista. Nossa... Em sua entrevista você se dizia alegre, que estava
apenas cansada e não triste.
Mas
senti em sua face uma profunda tristeza, dor sem fim. Não creio estar enganada.
Afinal, mulheres além de seu tempo sofrem com a dor de “serem julgadas” por sua
vida atemporal.
Não
posso dizer que nunca a li. Li “A hora da estrela” e lembro exatamente quando
você diz que é melhor coser para dentro que para fora. Uau! Que frase! Quando
li tinha apenas 14 anos e, mesmo sendo amante das letras, não a compreendi direito.
Só senti o que sempre ficou em meu coração: sentimentos!
Agora,
“cá estou eu”, lendo “Correio Feminino” e, honestamente, sentindo que você
figura uma imagem feminina que vai de encontro a uma perfeita dona de casa.
Precisei ler alguns dos seus estudiosos para perceber que não é preconceito,
mas uma reconfiguração da ‘mulher feminina’. Você diz toda uma verdade que,
mulheres como eu, hesitam em aceitar, mas reconhecem que é importante e
necessário.
Quero
lê-la!
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Fonte: |
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Fonte: |
Ler
por entre seus olhos, sua face... Você pede para te decifrar, mas nunca
concluí-la. Também sou assim Clarice – se me permite a intimidade (com todo
respeito).
Sou
uma mulher que busca o mundo, não apenas em um globo, mas o mundo nos gestos,
na intensidade de um coração, nas dores e nas alegrias de uma alma, no diálogo
com todos os seres vivos.
Ah...
Como é bom conversar com meu peixe Bob: Ele me entende! Claro...isso não é
ironia, isso é uma verdade apenas vivida por quem participa dessa linguagem,
desse momento, desse momento.
Sou
intensa e pouco compreendida,
Quero
as flores
Quero
os espinhos
Quero
o amor
Quero
sentir aquele calor que arde dentro de mim
Quero
olhar o mundo com olhos de liberdade
Liberdade,
eu te convido
Eu
te ordeno a me amar
A me
encontrar
Aonde
estiver
Clarice
você reconhece essas palavras!? Talvez não, essas são minhas. Uma leitora sua
que entende um pouco do que você sentiu. Viver é tão efêmero que dói saber que
estamos deixando a vida passar por nossos olhos, sem, contudo, abrí-los! Ai
como diria alguns “que sentimento mais mundano”, mais é meu e isso ninguém me
tira.
Sou
asas, sou avião,
Sou
pontos de interrogação
Sou
uma flor no alto da montanha
Posso
me chamar de Lírio
Ou
de Paixão
Querida
Clarice, vou te conhecer melhor. Acho que estou me apaixonando por suas tão
verdadeiras, reais palavras. Preciso de você para continuar flutuando, sem os
pés no chão, mas com a mão no coração.
Me
entenda! Agora sua amiga e quero ser muito sua amiga.
Me
perdoe se fui indiscreta e íntima demais, mas suas obras estão me chamando para
estar ao seu lado...Como diz você mesma, não fui feita para ser entendida, nem
concluída, mais para ser amada. Ou não. Ame se quiser, mas eu estarei sempre
aqui decifrando letras, criando códigos, escrevendo nas entrelinhas.
Ah...
Lembrei de outra frase. Um dos estudiosos de você Clarice disse que quando
enviava seus textos para revisor, pedia que não mudasse nenhuma vírgula. Elas
faziam sentido para você e deixariam de ser você. Pena que poucos compreendem
que as nossas vírgulas, Clarice, estão no lugar certo.
Um abraço de uma nova
leitora
Claudia querida, simplesmente espetacular o olhar que você teve sobre Clarice Lispector.
ResponderExcluirUma semelhança entre você é Clarice ambas tem uma ligação com a palavra de uma forma diferente, de uma maneira visceral.
Admirando você!!! beijos
Regina Gregório
Olá Regina! Que prazer imenso tê-la aqui no meu cantinho. E ainda tendo a honra de ter seu comentário. Obrigada querida! Tenho amado Clarice mais que em outras épocas de minha vida. Estou lendo com olhos de desejo de conhecê-la melhor. Também te admiro muito. E te espero sempre aqui.
ExcluirBeijinhos,
Cláudia Helena
Ainda preciso ter esse encontro com Clarice!
ResponderExcluirLívia, que bom você aqui. Me sinto honrado com sua leitura do post. Sei que nunca encontrarei Clarice por completo. Acredito que mesmo quem se dedica a estudá-la. Mas, desde a qualificação, senti que precisava me encontrar com alguém que me compreendesse um pouco. E as falas da Clarice me ensinam, me ajudam, me acalmam. Mais também não tenho o poder de deixar as vírgulas em seus devidos lugares, infelizmente.
ExcluirSuper abraço e, sempre que tiver um tempinho, aparece aqui.
Beijinhos,
Cláudia Helena
Claudinha, que delícia de blog! divertido, despretensioso, intimista.
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