A
TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E A TEORIA DA ATIVIDADE
A
teoria histórico-cultural tem seu surgimento marcado pelo marxismo. Desta
forma, é essencial que se realize uma retomada histórica e filosófica.
A
teoria marxista, observada em seus aspectos fundamentais, tais como a concepção
materialista dialética da realidade, apresenta a visão de kark Marx
(1818-1883), que teve sua obra determinada por fatos políticos, econômicos e
históricos do contexto em que vivia. Esse momento, fortemente marcado pelo
impulso desenvolvimento do capitalismo, é caracterizado por intensas mudanças
na classe dos trabalhadores, que lutavam por transformações de cunho
socialista. Essas reivindicações não eram favoráveis à burguesia, que sugeria
transformações menos radicais. A partir desse contexto, a obra marxista se
desenvolve, analisando o momento histórico, econômico, político e filosófico.
A
concepção marxista de homem remete a um ser que atua consciententemente sobre a
natureza. É um homem que procura construir a si mesmo e satisfazer suas
necessidades a partir da construção objetiva que realiza do mundo. Os homens se
relacionam com a natureza, de onde se extrai os meios de produção e os objetos
de trabalho, e se relacionam entre si, mediante as relações sociais de
produção. Essa relação com a natureza se faz a partir do momento em que o homem
extrai da mesma, os seus meios de produção e seu objeto de trabalho. Nessa
conjuntura, o homem estabelece relações sociais com outros homens, criando a
organização do trabalho. É o que chamamos de infraestrutura. Conforme Rosa e
Andriani afirmam
“juntamente com esta infra-estrutura
desenvolve-se um conjunto de idéias que a expressam e servem para a reprodução
do sistema. Este conjunto de idéias corresponde à superestrutura da sociedade,
isto é, sua instância política e ideológica” (2002, p.262).
Desta
maneira, entende-se que a infraestrutura determina a superestrutura, ou seja,
os homens são movidos pelas relações sociais, políticas e produtivas que
estabelecem. Percebe-se o homem como produtor de bens materiais, de relações
sociais, de conhecimento e de si mesmo.
É
interessante afirmar que nessa perspectiva dialética têm-se como base da
sociedade, as condições materiais reais que preexistem. Conforme a concepção
materialista dialética da realidade “os fenômenos são constituídos e
transformados a partir de múltiplas determinações que lhe são constitutivas... Concebe-se
a realidade como matéria, havendo primazia do Ser sobre o Pensar” (Kahhale,
2002, p. 264).
Chegando ao ponto necessário de
nossa visão da teoria histórico-cultural e da teoria da atividade, é pertinente
compreender em que consiste o processo de produção do conhecimento. Conforme a
concepção analisada, este deve partir do real, gerando um movimento de
transformação dialética que tem como prioridade a transformação e emerge a
partir do princípio da contradição. Desta maneira, a produção do conhecimento
ocorre a partir do real. Assim, tem-se a dialética como método de produção do
conhecimento.
A
psicologia sócio-histórica surge no início do século XX, na União Soviética. É
uma vertente teórica da psicologia fundamentada na concepção materialista
dialética, tendo como base de suas proposições o conhecimento do homem e sua subjetividade. Dentro dessa produção,
destaca-se: Vygotsky (1896-1934), Luria (1902-1977) e Leontiev (1903-1979).
Entender
o seu processo de surgimento é de grande relevância para a compreensão de todo
o estudo. Vygotsky propôs a construção de uma psicologia guiada pelos
princípios e métodos do materialismo dialético. A sua obra é marcada pela
concepção marxista de homem e realidade. Assim, Rosa e Andriani explica que “O homem constrói a si mesmo nas
relações que estabelece com a realidade, na medida em que é determinado por
esta, atua sobre ela e a transforma” (2002, p. 267). Luria e Leontiev
continuaram sua produção teórica e a partir de então, conhecimentos foram
se formando e solidificando bases teóricas no âmbito da Psicologia voltada ao
materialismo-histórico. Os conhecimentos que foram e estão sendo construídos
nessa vertente utilizam diferentes nomenclaturas para denominar a psicologia
voltada ao materialismo-histórico. Alguns nomeiam como Psicologia
Histórico-Cultural e um grupo de pesquisa da PUC/SP denominam como Psicologia
Sócio-Histórica.
A psicologia sócio-histórica
fundamenta-se na concepção de homem como um ser histórico-social. O eu social é
o homem que se constrói socialmente pelas relações. Ela ainda explica que a
atividade humana permite que o indivíduo desenvolva a consciência (principal
categoria de estudo da Psicologia Sócio-Histórica), apropriando-se da história
e do seu objeto, inserindo-se no mundo das relações sociais, apropriando-se da
linguagem como instrumento (signo). Desta maneira,
“a significação é
construída na esfera social, de maneira que sua internalização dependerá da
mediação externa, da relação com o outro. A transformação do social em
subjetivo se dará sempre em um universo interpessoal, que se transforma em
intrapessoal e intra-subjetivo...” (Rosa e Andriani, 2002, p.274/275).
No que pertine aos fundamentos da
metodologia científica conforme preceitos da psicologia sócio-histórica,
Vygotsky desenvolve a necessidade de pensar questões relativas ao método de
produção do conhecimento. Utiliza o método dedutivo no processo de conhecimento
do homem. Ou seja, parte-se do geral para o particular. Desta maneira, tem-se
como características do processo de produção do conhecimento: a construção de
ideias a partir do momento empírico, a singularidade e os processos de
relacionamento na produção do conhecimento, em que um constrói o outro.
O pesquisador realiza variadas ações
na compreensão dos dados, podendo desenvolver a pesquisa ação – onde o
pesquisador insere-se na realidade ou grupo a ser estudado e trabalha junto com
o grupo, tornando-se parte da totalidade –, e a pesquisa participante - há um
plano de ação/intervenção organizado previamente pelo pesquisador, que o aplica
como proposta e utiliza como instrumento no desenvolvimento de sua pesquisa.
A partir da compreensão realizada
sobre a perspectiva histórico-cultural, entende-se sua relevância na formação
de um homem de consciência integrada e com práxis transformadora.
O principal conceito desenvolvido na
perspectiva histórico-cultural é o de atividade. Analisando sua origem, tem-se
a noção da importância que tal conceito desempenha na psicologia soviética. A
atividade é entendida como a base que explica a formação da consciência.
A
psicologia histórico-cultural foi influenciada por duas tendências, a saber:
tendência da psicologia russa e da psicologia soviética. Nessa última, por
conseguinte, destaca-se a filosofia marxista. E aponta-se uma relação que
explica o processo interpessoal do ser humano, que por suas relações externas,
transforma-se em intrapessoal. Ou seja, do interpsicológico para o
intrapsicológico. Tal relação é notada a partir do esquema objeto ó
atividade ó
sujeito, explicado pelo processo de construção da consciência a partir do meio
externo para o meio interno, mediado pelas relações estabelecidas com outros
seres. Essa psicologia foi aclamada como desenvolvimental. E como afirma
Kozulin “ao chamar sua psicologia de ‘desenvolvimental’ (geneticheskii – desde a gênese), Vygotsky quis indicar muito mais
do que uma mera análise do desdobramento do comportamento na ontogênese” (2002,
p.118).
As funções mentais abrangem as
funções mentais inferiores e as funções mentais superiores. Vygotsky explica
essas funções realizando uma distinção entre elas e apontando as funções
mentais inferiores como capacidades de memória, percepção, entre outros e,
funções mentais superiores, como a transformação dessas capacidades em um
patamar mais avançado de desenvolvimento para o ser humano.
Assim, a compreensão das funções
psicológicas superiores abrange o estudo da linguagem em sua relação com o
pensamento. E nessa retórica, Vygotsky aponta a transição do discurso
egocêntrico para o interior.
Na obra de A. N. Leontiev, o
conceito atividade surgiu em 1947. Ele
apontava que no processo da atividade humana, um objeto perde sua naturalidade
e emerge como resultado de experiência coletiva.
Assim, são vários os teóricos que
discutem o conceito de atividade apresentado por Vygotsky e Leontiev. Porém,
conclui-se que esses estudos e pesquisas levam-se a um grande avanço para a
psicologia em geral.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Rosa, Elisa Z. e
Andriani. Ana G. P. Psicologia sócio-histórica: uma tentativa de sistematização
epistemológica e metodológica. In: Kahhale, Edna M. P. (org). A diversidade da psicologia – Uma
construção teórica. São Paulo: Cortez Editora, 2002.
Kozulin, Alex. O
conceito de atividade na psicologia soviética: Vygotsky, seus discípulos, seus
críticos. In: Daniels, Harry (Org.) Uma
introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
[1]
Doutora em Educação (PUC Goiás). Professora e Pesquisadora no Instituto Federal
de Goiás (IFG). Membro Grupo de Pesquisa KADJÓT. Email: helena.claudia@gmail.com
CITAR AUTOR AO UTILIZAR ESSE ARTIGO (DIREITOS AUTORAIS).
CITAR AUTOR AO UTILIZAR ESSE ARTIGO (DIREITOS AUTORAIS).
Anápolis, 05/11/2015
ResponderExcluirAluna: Natália Faustino
* Um dos documentos que eu mais utilizei/utilizo no meu estágio é o histórico escolar. Ele contempla todos os dados do aluno e da instituição, com a média em todas as matérias de todos os anos concluídos para comprovar que o aluno está regularmente matriculado na mesma.
Outro documento é o diário de classe. Ele é realizado pelo professor e contempla diariamente oque é passado para os alunos, todas as atividades/conteúdos desenvolvidas em sala. Conforme a minha vivência ele é entregado apenas no primeiro dia da semana e tem que estar feito para a semana inteira e assim sucessivamente e é corrigido pela coordenação não podendo leva-lo para casa a não ser em caso de avaliação. (https://www.google.com.br/search?q=hist%C3%B3rico+escolar&biw=1440&bih=760&tbm=isch&imgil=m_ntmi7Dz3-W3M%253A%253BAfVa9HFq3iX1TM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.superdownloads.com.br%25252Fdownload%25252F56%25252Fhistorico-escolar%25252F&source=iu&pf=m&fir=m_ntmi7Dz3-W3M%253A%252CAfVa9HFq3iX1TM%252C_&usg=__jIZAd9mVBV5UMsuhOd9pWsowjLo%3D&ved=0CCsQyjdqFQoTCJmP--uV-cgCFUEKkAodaHcCgg&ei=Vzw7VtmHIcGUwATo7omQCA#imgrc=OkhpCVa1u4K_dM%3A&usg=__jIZAd9mVBV5UMsuhOd9pWsowjLo%3D) // (https://www.google.com.br/search?q=di%C3%A1rio+de+classe&biw=1080&bih=570&source=lnms&tbm=isch&sa=X&sqi=2&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIgd3yvJv5yAIVRUKQCh3qcgCZ#tbm=isch&q=di%C3%A1rio+de+classe+ensino+fundamental&imgrc=k0cAI_Tt37G5OM%3A)
* A Secretaria Escolar tem uma grande importância na instituição de ensino, porque contém vários documentos importantes para o bom desempenho de todo o corpo escolar e várias informações necessárias para a realização desses documentos. Cada documento tem a sua função específica e é armazenado de maneira correta para que não tenha imprevistos etc.